Clima organizacional faz a diferença
Fonte: rh.com.br por Daniela Lessa
O clima organizacional vem se tornando assunto de destaque no mundo corporativo à medida que os gestores se conscientizam de que as empresas são as pessoas, e apenas pessoas motivadas conduzem as companhias ao sucesso. No livro “Clima sem rodeios: como adotar medidas simples que vão aprimorar o ambiente de sua empresa”, Márcia Hasche, aborda essa temática de forma ampla e orientada ao dia a dia. Nessa entrevista ao CanalRh a autora, que é socióloga oriunda da Unicamp com especializações em Recursos Humanos em instituições nacionais e internacionais e sócia-diretora da consultoria Valor Pessoal, comenta que o livro vem suprir uma carência que ela sentiu desde que começou a trabalhar especificamente com clima organizacional, há 10 anos. Segundo ela faltam publicações com dicas práticas e pertinentes contemplando o papel do RH e dos líderes na construção do clima organizacional das empresas. O livro está sendo lançado hoje (29 de setembro), em São Paulo, durante a comemoração dos dez anos da Valor Pessoal, na Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP).
CanalRh - Quais os aspectos mais importantes no tocante ao clima organizacional?
Marcia Hasche - Somente pessoas motivadas e que se sintam respeitadas e tratadas como seres únicos que somos poderão vivenciar um excelente de trabalho. Além disso, as empresas deveriam saber que pessoas com alto nível de engajamento apresentam melhor performance e, consequentemente, a organização terá um resultado financeiro cada vez mais expressivo. Com isso, a empresa garante sua perenidade e o atendimento a todos os seus stakeholders.
CanalRh – Sobre cada um dos temas essenciais da publicação – recrutamento, desempenho, promoções salariais, treinamento, comunicação, jovens talentos – o que teria a destacar?
Marcia - Na verdade, todos estes temas têm como alicerce a postura do líder em adotar um comportamento de Justiça em relação a seus colaboradores, uma atuação de coerência entre discurso e prática.
CanalRH – De um modo geral, como é o clima das empresas brasileiras?
Marcia - Nas empresas, de um modo geral, começa a vigorar a percepção de que elas não são vistas como uma entidade ou algo etéreo. Os dirigentes perceberam que as empresas são os indivíduos, as pessoas e sabem, portanto, que se não existir um tratamento cuidadoso e uma preocupação com o desenvolvimento delas, certamente não ocorrerá a retenção de talentos, que é o grande desafio da atualidade, em função de o mercado estar aquecido e do fato de o Brasil ser a “bola da vez”. Assim, o assunto clima organizacional passou fazer parte da estratégia da organização.
CanalRh – Como lidar com situações que podem afetar negativamente esse clima (reestruturações, por exemplo)?
Marcia - A comunicação é uma grande ferramenta e certamente tem um papel eficaz para que as mudanças, inclusive fusões e alterações de diretoria, tenham uma maior aderência e comprometimento por parte dos colaboradores. Por outro lado, promoções, recrutamentos internos, quando não esclarecidos de forma transparente, também
afetam diretamente o clima, fazendo com que a confiança dos colaboradores nos gestores e na própria empresa diminua de forma altamente expressiva.
te de investimentos – eventualmente em formação - etc. Como lidar com as questões de clima nas empresas em contextos de ajuste?
Marcia - A crise de 2008/2009 teve um forte reflexo nas empresas brasileiras, apesar de ter atingido o Brasil em proporções muito menores do que ocorreu nos EUA e Europa. Muitas vezes, apesar do retorno financeiro positivo na subsidiária brasileira (em caso de empresas multinacionais), a empresa brasileira tinha que “pagar a conta” da matriz. O principal efeito na época foi a redução de custos, desde viagens, controle de ligações telefônicas e, obviamente, em treinamentos e desenvolvimentos que estavam previstos e foram postergados. Hoje, entendo que é um novo momento, pois a própria economia brasileira está mais fortalecida e preparada para os problemas dos chamados países desenvolvidos e o governo tem atuado nesta questão de forma responsável. Além disso, as Olimpíadas e a Copa do Mundo vêm trazendo um maior fôlego para o Brasil. Hoje, o grande problema das empresas é a retenção de talentos, uma vez que o mercado está aquecido e as ofertas estão tentadoras. Quero pensar positivamente, que 2011/2012, terá muito menos impactos nos investimentos das empresas localizadas no Brasil.
CanalRh – Outra questão comum é a diferença de estilos de gerações nas empresas atualmente. Como isso afeta o clima organizacional?
Marcia - A entrada cada vez mais expressiva da chamada geração Y (jovens entre 20 e 30 anos) é uma realidade inegável nas organizações. Na maioria das vezes, a convivência com os baby boomers, e até mesmo com a geração X, gera algum tipo de atrito no primeiro momento. Cabe aos gestores, com o suporte do RH, mostrar que cada um tem a sua contribuição e que neste sentido as competências são complementares e principalmente que o respeito deve ser um valor inexorável no dia a dia.
CanalRh – E Comunicação? Durante o ConaRH 2011 muitos profissionais comentaram as dificuldades de comunicação nas empresas. Qual é o papel do RH nesse aspecto? Como uma comunicação positiva pode ajudar em relação ao clima organizacional?
Marcia - A comunicação, no meu entendimento, é um dos aspectos mais críticos dentro das empresas. Muitas vezes deixada de lado ou tratada de forma displicente, a comunicação – ou a falta dela - compromete a estratégia das empresas e a performance financeira da organização. Falta, na minha visão, entendimento dos gestores de que eles é que são os responsáveis diretos por comunicar, preferencialmente, olho no olho, aquilo que está acontecendo na empresa Delegar esta tarefa para o RH é um equívoco, uma vez que o RH é apenas o facilitador deste processo. É, também, um engano a liderança se apoiar no discurso da falta de tempo para justificar a falta de comunicação. Tudo isso dá espaço a ruídos, informações equivocadas, além de ser um incentivo ao desenvolvimento das chamadas rádio-peão, rádio-corredor etc.
CanalRh – Poderia citar atitudes das empresas que favorecem o clima positivo e outras que prejudicam o clima da organização?
Marcia - Atitudes positivas são: senso de justiça; coerência entre discurso e prática; e compartilhamento da visão e da missão da empresa para todos os níveis hierárquicos, sem subestimar a inteligência das pessoas. As atitudes negativas são: falta de transparência; favoritismo; e falta de comunicação em tempo real.
CanalRh – Como foi a história desse livro? Por que ele foi escrito e como poderá auxiliar o mercado?
Marcia - O livro foi decorrência da minha própria experiência. Quando comecei a atuar diretamente em clima organizacional - há dez anos -, senti muita falta de um livro que me fornecesse informações práticas e objetivas e que me orientasse sobre como proceder no dia a dia da empresa, considerando os processos de gestão de pessoas nas organizações. Ao longo do tempo, percebi que existiam dois papéis distintos referentes ao clima: um papel que remete a atribuições específicas do RH e outro a atribuições específicas da liderança. Vale lembrar que estudos e pesquisas consistentes apontam que o líder é responsável direto por 80% do ambiente de trabalho. Desta forma, eu queria um livro que fosse uma espécie de manual, que fornecesse dicas práticas e pertinentes, sempre considerando o RH e a liderança, para não isentar o líder no seu papel de ator principal desse processo. O meu livro foi feito com esse foco e está dividido em Atribuições do RH e Atribuições da Liderança. Espero que ele cumpra seu papel de auxiliar profissionais de RH e líderes que, de forma genuína, têm uma preocupação legítima em promover um melhor ambiente de trabalho, onde as pessoas possam se sentir reconhecidas nos aspectos pessoal e profissional. A performance financeira é consequência de uma prática de gestão de pessoas consistente e respeitosa.
Fonte: rh.com.br por Daniela Lessa
O clima organizacional vem se tornando assunto de destaque no mundo corporativo à medida que os gestores se conscientizam de que as empresas são as pessoas, e apenas pessoas motivadas conduzem as companhias ao sucesso. No livro “Clima sem rodeios: como adotar medidas simples que vão aprimorar o ambiente de sua empresa”, Márcia Hasche, aborda essa temática de forma ampla e orientada ao dia a dia. Nessa entrevista ao CanalRh a autora, que é socióloga oriunda da Unicamp com especializações em Recursos Humanos em instituições nacionais e internacionais e sócia-diretora da consultoria Valor Pessoal, comenta que o livro vem suprir uma carência que ela sentiu desde que começou a trabalhar especificamente com clima organizacional, há 10 anos. Segundo ela faltam publicações com dicas práticas e pertinentes contemplando o papel do RH e dos líderes na construção do clima organizacional das empresas. O livro está sendo lançado hoje (29 de setembro), em São Paulo, durante a comemoração dos dez anos da Valor Pessoal, na Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP).
CanalRh - Quais os aspectos mais importantes no tocante ao clima organizacional?
Marcia Hasche - Somente pessoas motivadas e que se sintam respeitadas e tratadas como seres únicos que somos poderão vivenciar um excelente de trabalho. Além disso, as empresas deveriam saber que pessoas com alto nível de engajamento apresentam melhor performance e, consequentemente, a organização terá um resultado financeiro cada vez mais expressivo. Com isso, a empresa garante sua perenidade e o atendimento a todos os seus stakeholders.
CanalRh – Sobre cada um dos temas essenciais da publicação – recrutamento, desempenho, promoções salariais, treinamento, comunicação, jovens talentos – o que teria a destacar?
Marcia - Na verdade, todos estes temas têm como alicerce a postura do líder em adotar um comportamento de Justiça em relação a seus colaboradores, uma atuação de coerência entre discurso e prática.
CanalRH – De um modo geral, como é o clima das empresas brasileiras?
Marcia - Nas empresas, de um modo geral, começa a vigorar a percepção de que elas não são vistas como uma entidade ou algo etéreo. Os dirigentes perceberam que as empresas são os indivíduos, as pessoas e sabem, portanto, que se não existir um tratamento cuidadoso e uma preocupação com o desenvolvimento delas, certamente não ocorrerá a retenção de talentos, que é o grande desafio da atualidade, em função de o mercado estar aquecido e do fato de o Brasil ser a “bola da vez”. Assim, o assunto clima organizacional passou fazer parte da estratégia da organização.
CanalRh – Como lidar com situações que podem afetar negativamente esse clima (reestruturações, por exemplo)?
Marcia - A comunicação é uma grande ferramenta e certamente tem um papel eficaz para que as mudanças, inclusive fusões e alterações de diretoria, tenham uma maior aderência e comprometimento por parte dos colaboradores. Por outro lado, promoções, recrutamentos internos, quando não esclarecidos de forma transparente, também
afetam diretamente o clima, fazendo com que a confiança dos colaboradores nos gestores e na própria empresa diminua de forma altamente expressiva.
te de investimentos – eventualmente em formação - etc. Como lidar com as questões de clima nas empresas em contextos de ajuste?
Marcia - A crise de 2008/2009 teve um forte reflexo nas empresas brasileiras, apesar de ter atingido o Brasil em proporções muito menores do que ocorreu nos EUA e Europa. Muitas vezes, apesar do retorno financeiro positivo na subsidiária brasileira (em caso de empresas multinacionais), a empresa brasileira tinha que “pagar a conta” da matriz. O principal efeito na época foi a redução de custos, desde viagens, controle de ligações telefônicas e, obviamente, em treinamentos e desenvolvimentos que estavam previstos e foram postergados. Hoje, entendo que é um novo momento, pois a própria economia brasileira está mais fortalecida e preparada para os problemas dos chamados países desenvolvidos e o governo tem atuado nesta questão de forma responsável. Além disso, as Olimpíadas e a Copa do Mundo vêm trazendo um maior fôlego para o Brasil. Hoje, o grande problema das empresas é a retenção de talentos, uma vez que o mercado está aquecido e as ofertas estão tentadoras. Quero pensar positivamente, que 2011/2012, terá muito menos impactos nos investimentos das empresas localizadas no Brasil.
CanalRh – Outra questão comum é a diferença de estilos de gerações nas empresas atualmente. Como isso afeta o clima organizacional?
Marcia - A entrada cada vez mais expressiva da chamada geração Y (jovens entre 20 e 30 anos) é uma realidade inegável nas organizações. Na maioria das vezes, a convivência com os baby boomers, e até mesmo com a geração X, gera algum tipo de atrito no primeiro momento. Cabe aos gestores, com o suporte do RH, mostrar que cada um tem a sua contribuição e que neste sentido as competências são complementares e principalmente que o respeito deve ser um valor inexorável no dia a dia.
CanalRh – E Comunicação? Durante o ConaRH 2011 muitos profissionais comentaram as dificuldades de comunicação nas empresas. Qual é o papel do RH nesse aspecto? Como uma comunicação positiva pode ajudar em relação ao clima organizacional?
Marcia - A comunicação, no meu entendimento, é um dos aspectos mais críticos dentro das empresas. Muitas vezes deixada de lado ou tratada de forma displicente, a comunicação – ou a falta dela - compromete a estratégia das empresas e a performance financeira da organização. Falta, na minha visão, entendimento dos gestores de que eles é que são os responsáveis diretos por comunicar, preferencialmente, olho no olho, aquilo que está acontecendo na empresa Delegar esta tarefa para o RH é um equívoco, uma vez que o RH é apenas o facilitador deste processo. É, também, um engano a liderança se apoiar no discurso da falta de tempo para justificar a falta de comunicação. Tudo isso dá espaço a ruídos, informações equivocadas, além de ser um incentivo ao desenvolvimento das chamadas rádio-peão, rádio-corredor etc.
CanalRh – Poderia citar atitudes das empresas que favorecem o clima positivo e outras que prejudicam o clima da organização?
Marcia - Atitudes positivas são: senso de justiça; coerência entre discurso e prática; e compartilhamento da visão e da missão da empresa para todos os níveis hierárquicos, sem subestimar a inteligência das pessoas. As atitudes negativas são: falta de transparência; favoritismo; e falta de comunicação em tempo real.
CanalRh – Como foi a história desse livro? Por que ele foi escrito e como poderá auxiliar o mercado?
Marcia - O livro foi decorrência da minha própria experiência. Quando comecei a atuar diretamente em clima organizacional - há dez anos -, senti muita falta de um livro que me fornecesse informações práticas e objetivas e que me orientasse sobre como proceder no dia a dia da empresa, considerando os processos de gestão de pessoas nas organizações. Ao longo do tempo, percebi que existiam dois papéis distintos referentes ao clima: um papel que remete a atribuições específicas do RH e outro a atribuições específicas da liderança. Vale lembrar que estudos e pesquisas consistentes apontam que o líder é responsável direto por 80% do ambiente de trabalho. Desta forma, eu queria um livro que fosse uma espécie de manual, que fornecesse dicas práticas e pertinentes, sempre considerando o RH e a liderança, para não isentar o líder no seu papel de ator principal desse processo. O meu livro foi feito com esse foco e está dividido em Atribuições do RH e Atribuições da Liderança. Espero que ele cumpra seu papel de auxiliar profissionais de RH e líderes que, de forma genuína, têm uma preocupação legítima em promover um melhor ambiente de trabalho, onde as pessoas possam se sentir reconhecidas nos aspectos pessoal e profissional. A performance financeira é consequência de uma prática de gestão de pessoas consistente e respeitosa.
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