Empresa Familiar e Gestão de RH


por Fernanda de Almeida para o Canal RH




Sônia Carvalho é fundadora e proprietária da Congelados da Sônia, empresa de médio porte que produz e entrega comida caseira congelada sem processos químicos e conservantes. As duas sócias diretoras da empresa, Adriana Carpegiani e Alessandra Carpegiani, são suas filhas. A empresa tem mais de 80 funcionários e 20 anos de existência. Foi há dez anos que Sônia percebeu a necessidade de ter uma área de Recursos Humanos atuante, que fizesse diferença na gestão. Isso significa olhar para toda a equipe – e não só para as filhas – como parte de um mesmo time, responsável pelo sucesso da companhia. 

Assim, o RH tem atribuições muito além de um Departamento de Pessoal. A área é responsável por analisar cargos, perfis, o desenvolvimento de cada colaborador e por escutar cada um como um conselheiro, olhando a empresa como uma grande família e um grande negócio. “No nosso dia a dia contamos com uma equipe de RH atuante, que está atenta ao que acontece internamente, implantando ações e criando oportunidades internas”, explica. “A equipe da área está presente no desenvolvimento do colaborador e ao mesmo tempo, atua em conjunto com a direção, dando apoio, assessorando e orientando nas decisões”, completa Sônia. 

Entre os principais desafios de um RH em empresas familiares está garantir que não haja privilégios para os membros da família, em detrimento dos outros funcionários. “A área deve garantir que todos, parentes e não parentes, sejam selecionados e avaliados com base na competência e meritocracia. Deve esclarecer aos funcionários dúvidas e versões sobre aspectos que possam gerar prejuízo ao funcionamento da empresa, sejam eles verdadeiros ou simples boatos”, orienta o consultor José Carlos Ignácio, diretor da JCI Acquisition. 

Ele alerta para os cuidados com privilégios. “Os membros da família não podem receber tratamento diferenciado em relação aos outros funcionários”, afirma. “Na teoria, é fácil que os familiares assumam tal postura, porém, a prática tem mostrado que o número de situações em que o familiar é tratado de forma privilegiada é enorme, muitas delas disfarçadamente, o que pouco adianta porque os colaboradores acabam sabendo e comentando, com resultados negativos para o ambiente de trabalho”, finaliza. 

Ele aponta que o sucesso de empresas familiares está muito atrelado ao relacionamento entre seus membros. “A tendência, na maioria dos casos, é que a gestão familiar reflita o relacionamento da família, portanto, se há problemas no convívio pessoal, bem provável que haja também no corporativo”, alerta. Esse entrelaçamento, aliás, é responsável por um suscitar um preconceito comum. “Muita gente acaba associando empresas familiares com amadorismo, uma inter-relação equivocada”, diz Ignácio. 

Embora o parentesco possa interferir na atuação profissional, a fundadora da Congelados da Sônia defende que é importante não misturar aspectos financeiros e pessoais com assuntos empresariais. “É possível controlar essa separação e cuidar para que a mistura não aconteça”, diz.


A maneira encontrada pela mãe e as filhas foi dividir funções para que cada uma assumisse a responsabilidade por uma área. Periodicamente, elas se reúnem para decidirem juntas questões relacionadas a cada uma das áreas de acordo com um planejamento prévio. “Antes de tudo é preciso acreditar no outro e a partir disso fazer um contrato desde o início, com os direitos e deveres de cada um na empresa. A nossa família veste a camisa quando se trata de trabalho e o importante é separar financeiro, profissional e pessoal”, afirma Sônia.

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