Por Patrícia Bispo
Se por um lado os profissionais precisam atender às expectativas da empresa que os contratou, por outro a organização também necessita ter uma visão clara daquilo que o seu capital humano espera dela. Ou seja, identificar se os processos de gestão contribuem para o atingimento das metas e até mesmo como os colaboradores percebem-se dentro do contexto vivenciado dia a dia.
Para isso, não é suficiente ter apenas boa vontade. Por esse motivo muitas empresas recorrem à pesquisa de clima organizacional (PCO) - um valioso recurso que tem permitido a identificação de pontos fortes, bem como os que devem ser trabalhados a fim de que exista uma unicidade entre profissionais e o DNA organizacional. Um bom exemplo é o caso da AGCO América do Sul, que desde 2005 aplica a Pesquisa de Opinião Global, em todas as regiões em que está presente no mundo.
A AGCO é fabricante e distribuidora global de equipamentos agrícolas, detentora das marcas do setor - Challenger, Fendt, Massey Ferguson e Valtra. A empresa possui sua sede em Duluth, na Georgia, nos Estados Unidos, realizando atendimento aos clientes através de suas mais de 3.100 concessionárias independentes e distribuidores que se localizam em mais de 140 países. Atualmente, possui aproximadamente 17 mil colaboradores em todo o mundo.
De acordo com Tatiana Kipper, diretora de Serviços de Recursos Humanos da AGCO América do Sul, o principal objetivo da ferramenta é medir a satisfação dos colaboradores em dimensões como comunicação, liderança, entendimento dos objetivos estratégicos, reconhecimento, desenvolvimento entre outros. "A aplicação da pesquisa ocorre a cada dois anos e esse período foi determinado, para que o plano de ação seja executado e nossos funcionários percebam o resultado das ações", complementa.

Implantação - Ao ser questionada como ocorreu a implantação da Pesquisa de Opinião Global, a diretora de RH explica que o processo foi conduzido pela própria corporação e que a sua solicitação partiu do Top Management da AGCO, ou seja, o CEO e os vice-presidentes globais da corporação.
"Como a AGCO era uma empresa nova que crescia através de aquisições, a gestão da empresa entendeu que seria necessário avaliarmos e acompanharmos o nível de satisfação da empresa, já que a AGCO enquanto corporação estava fortalecendo a sua interação com as marcas adquiridas e desenvolvendo uma cultura organizacional própria", cita Tatiana Kipper, ao destacar que a fase inicial foi encontrar um parceiro e uma ferramenta adequada à realidade vivenciada pela companhia e que atendesse globalmente às necessidades do negócio", relembra a diretora de Recursos Humanos.
Na sequência, definido o processo e sendo o mesmo aprovado pelo staff da companhia, ocorreu a divulgação e o alinhamento com todas as regiões em que a empresa estava presente, para que houvesse suporte e buy-in. Posteriormente, realizou-se um plano de comunicação para toda a empresa reforçando os objetivos da companhia e principalmente a confidencialidade do processo que chegaria até os nossos colaboradores.
No início da aplicação da Pesquisa de Opinião Global, Tatiana Kipper afirma que a companhia encontrou a dificuldade em relação à logística, pois promover uma pesquisa de clima que deveria atingir um público-alvo de aproximadamente 14 mil profissionais, não era uma ação fácil. Além disso, esses colaboradores estavam localizados em vários países e muitas dessas pessoas precisaram responder aos questionários impressos em papel, uma vez que em determinadas localidades os funcionários não tinham acesso a computadores. A questão da confiabilidade também foi outro desafio a ser vencido pela companhia, porque muitas unidades nunca haviam participado de uma PCO.
Comunicação interna - Para dar suporte à Pesquisa de Opinião Global e garantir que os profissionais compreendessem os objetivos e como a mesma ocorreria na prática, elaborou-se um plano de comunicação, bem como foram criados grupos focais para discutir os resultados e a partir dessas informações, construiu-se um plano de ação.
"Realizamos reuniões com gestores para definir a execução do plano de ação e encontros com grupos de funcionários para divulgar plano de ação. Hoje, em toda a ação implementada vai com um selo da pesquisa para o funcionário identificar que aquela ação é resultado da pesquisa de opinião", enfatiza Tatiana Kipper, mencionando, ainda, que outro ponto relevante foi o fato das também lideranças terem sido preparadas para darem respaldo à pesquisa, visto que receberam treinamento e participaram de todo o processo de implantação do plano de ação.
Pesquisa na prática - A pesquisa de clima organizacional da AGCO acontece em via eletrônica e ainda em papel, para aqueles profissionais que não possuem acesso ao computador. Os resultados vão diretamente para a Towers Watson, nos Estados Unidos, onde os dados são compilados. As pesquisas em papel, é importante destacar, são depositadas pelo próprio funcionário diretamente em caixas fornecidas pelos Correios e posteriormente enviadas aos Estados Unidos. "Começamos o processo praticamente dois meses antes com a comunicação e com as questões relacionadas à logística. A pesquisa em si acontece por duas semanas e a divulgação em torno de dois meses, depois da pesquisa encerrada. O processo todo acontece em aproximadamente quatro meses", pontua a diretora de RH.
Na última pesquisa realizada pela companhia a área de Recursos Humanos contratou uma consultoria para realizar grupos focais e discutir os resultados de forma confidencial com os funcionários. Isso funcionou muito bem, pois os colaboradores sentiram-se mais à vontade para discutir temas mais delicados. A equipe de RH dedicou-se muito à comunicação de todas as fases, à logística da pesquisa e aos grupos focais, sempre conduzindo as reuniões com a gestão e coordenando o plano de ação da empresa.
Benefícios - De acordo com Tatiana Kipper, a pesquisa de clima trouxe vários benefícios à organização. Dentre eles, a oportunidade de direcionar as ações e o investimento da Gestão de pessoas, sem dúvida, é o maior. Além disso, a ferramenta possibilita a oportunidade de envolver os gestores no processo e torná-los responsáveis pelo plano de ação, melhorando a relação deles com os funcionários. O processo também fortaleceu a credibilidade da empresa e a abertura para discutir chances de melhorias em todas as áreas. Graças à pesquisa de clima da AGCO, a empresa realizou mudanças positivas para o dia a dia dos colaboradores. Como exemplos, podem ser citados: reformas no refeitório, criação de programas de reconhecimento e de desenvolvimento.
Por fim, ela assinala que a adoção de ferramentas como a pesquisa de clima organizacional é importante porque oferece informações importantíssimas para a empresa entender como sua gestão está atingindo os seus resultados e se esta forma está adequada à cultura, aos valores, à visão e à missão que ela construiu. "Outra grande vantagem é investir em ações que realmente impactem na satisfação dos colaboradores e que proporcionem um ambiente mais saudável e adequado ao atingimento dos objetivos organizacionais. Também traz uma abertura maior das pessoas discutirem temas que impactem no seu dia a dia junto ao seu gestor", conclui a diretora de Serviços de Recursos Humanos da AGCO América do Sul.
Comentários
Postar um comentário